ATA
DA QUADRAGÉSIMA QUARTA SESSÃO SOLENE DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
NONA LEGISLATURA, EM 05.11.1987.
Aos cinco dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e oitenta e
sete reuniu-se, na sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal
de Porto Alegre, em sua Quadragésima Quarta Sessão Solene da Quinta Sessão
Legislativa Ordinária da Nona Legislatura, destinada a comemorar o septuagésimo
aniversário da primeira Revolução Socialista realizada na história da
humanidade. Às dezessete horas e vinte e cinco minutos, constatada a existência
de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os
Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades
presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Brochado da Rocha, Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre; Sr.Hilário Pinha, representando a Executiva Estadual
do PCB; Eng°. Jesiel Baungarten, Presidente do Instituto Cultural Brasil/URSS;
Sr. Atílio Dengo, representando a FRACAB; Sr. Ernesto Bernadi, representando o
Sindicado dos Metalúrgicos; Sr. Eduardo Rech, representando a Confederação
Nacional dos Marítimos; Prof. Joaquim José Felizardo, Diretor do Centro de
Cultura de Secretaria Municipal de Educação e Cultura; Verª. Gladis Mantelli,
1ª Secretária da Câmara Municipal de Porto Alegre. A seguir, o Sr. Presidente
registrou a presença no Plenário, do Sr. Clóvis Ilgenfritz, representando a
Executiva Regional do PT. Após, o Sr. Presidente concedeu a palavra aos
Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Antonio Hohlfeldt, em nome da
Bancada do PT, discorreu sobre a Revolução Russa de mil novecentos e dezessete,
salientando ser ela um marco dentro da história mundial. Leu trechos escritos
por Isaac Deutscher, onde os movimentos russos desse ano são caracterizados
como a última das grandes revoluções burguesas e a primeira revolução
proletária da Europa. Teceu comentários acerca do assunto, analisando as causas
e a forma como ocorreu o movimento revolucionário socialista na Rússia e suas
conseqüências para a sociedade daquele país e de todo o mundo. O Ver. Marcinho
Medeiros, em nome da Bancada do PMDB, salientou sua satisfação por participar
da presente Sessão, em homenagem ao aniversário da primeira Revolução
Socialista realizada na história da humanidade, comentando sua importância como
ponto de referência na busca da transição do capitalismo para o socialismo
dentro da história mundial. Discorreu acerca do significado do socialismo como
regime capaz de amenizar as injustiças econômicas e sociais observadas na
sociedade atual. A Verª. Gladis Mantelli, em nome da Bancada do PSB, declarando
serem até hoje sentidos os reflexos da Revolução Russa de mil novecentos e
dezessete, analisou o quadro político, econômico e social apresentado pela
Rússia antes desse movimento revolucionário. Atentou para a necessidade de uma
participação ativa de cada cidadão na busca de modificações sociais que
possibilitem a construção de uma sociedade mais justa. E o Ver. Lauro Hagemann,
em nome das bancadas do PCB e do PDT e como proponente da Sessão, declarou ter
a Revolução Russa mudado a face da história mundial, através de um movimento da
classe proletária em busca da alteração do quadro opressor no qual vivia.
Salientou a necessidade de união das massas e de sua conscientização para a
possibilidade de realização da revolução social, analisando a forma como esse
processo ocorreu na Rússia e sua importância como agente viabilizador de
reformas socialistas também em outros países. Teceu comentários sobre a
situação do socialismo no mundo atual, como força concreta na construção de um
mundo novo, contra o imperialismo capitalista e opressor. Após, o Sr.
Presidente leu correspondência recebida pela Casa relativa à presente Sessão,
fez pronunciamento alusivo à solenidade, convidou as autoridades e
personalidades a passarem à sala de Presidência e, nada mais havendo a tratar,
levantou os trabalhos às dezoito horas e vinte e cinco minutos, convocando os
Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelo Ver. Brochado da Rocha e secretariados pela
Verª. Gladis Mantelli. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei
fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr.
Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE: A
Mesa registra a presença do Sr. Clóvis Ilgenfritz da Silva, representando a
Executiva Regional do PT.
Concedemos a palavra ao Ver. Antonio Hohlfeldt, que falará pela Bancada
do PT.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr.
Presidente, meus prezados companheiros Vereadores, meus prezados companheiros
do PCB e demais Senhoras e Senhores, os acontecimentos ocorridos a partir da
semana de 8 a 13 de março, ou de 23 a 28 de fevereiro, segundo o velho
calendário russo, com a insurreição de Petrogrado e a formação do primeiro
soviete popular, até a culminância dos fatos da madrugada de 6 a 7 de novembro,
quando Lênin é eleito presidente do Soviete dos Comissários do Povo,
influenciaram a história universal e não apenas a história européia ou da
Rússia. O surgimento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas não teve
apenas uma importância imediata inclusive de contenção posterior do avanço
nazista ao leste do continente europeu, como se verificaria mais tarde, mas
literalmente instituía o novo, um elemento diferente na história da humanidade.
É como se, a partir de um todo aparentemente unitário e indissolúvel,
germinasse algo inesperado e fora de toda a lógica, forçando a resistência
conservadora das elites, crescendo à revelia da vontade de burguesia
internacional, até afirmar-se, definitivamente, como uma realidade plena na
história política dos povos do ocidente e do oriente.
Poucos fatos históricos tiveram tal projeção. A exemplo do advento do
cristianismo e em alguns casos assemelhando-se muito inclusive àquele
acontecimento cultural, o surgimento de um movimento realmente renovador,
inspirado não apenas, mas principalmente nas teses do século anterior
desenvolvidas por Karl Marx, mudaria o ritmo e a direção da história universal,
de tal forma que podemos hoje simpatizar ou condenar a Revolução Russa de
outubro de 1917, mas, evidentemente, não podemos, em hipótese alguma,
ignorá-la. Ela é um marco. Antes da Revolução, a utopia, depois dela o início
de um longo caminho, por certo ainda não acabado e concretizado, em busca do
socialismo e do comunismo, tal como definidos originalmente. Isaac Deutscher em
sua obra famosa afirma: (Lê:) “Em 1971 a Rússia realizou a última das grandes
revoluções burguesas e a primeira revolução proletária na história da Europa.
As duas revoluções mesclaram-se numa só. Essa função sem precedentes conferiu
extraordinária vitalidade e “élan” ao novo regime, mas foi também a fonte de
rigorosos esforços, tensões e convulsões cataclísmicas. Talvez eu devesse dar
aqui, com o risco de estar discorrendo sobre o óbvio, uma breve definição de
revolução burguesa. O ponto de vista tradicional, amplamente aceito ao mesmo
tempo por marxistas e antimarxistas, é o de que em tais revoluções, na Europa
Ocidental, a burguesia desempenhou o papel de líder, pôs-se à frente do povo em
revolta e tomou o poder.
É nesse sentido que podemos caracterizar a Revolução de Outubro como um
misto de revoluções burguesa e proletária, ainda que ambas se tenham realizado
sob a liderança bolchevique.
A historiografia soviética corrente descreve a revolução de fevereiro
como burguesa e reserva o rótulo de “proletária” para a de outubro. Essa
distinção também é feita por muitos historiadores ocidentais; e é justificada
com base em que, em fevereiro, depois da abdicação do Czar, a burguesia tomou o
poder. Na verdade, a combinação das duas revoluções já aparece em fevereiro,
sob forma nebulosa. O Czar e seu último ministro foram derrubados por uma greve
geral e uma insurreição em massa de trabalhadores e soldados, que imediatamente
criaram seus Conselhos ou “Sovietes”, os órgãos potenciais de um novo Estado.
Os príncipes Lvov, Miliukov e Kerenski tomaram o poder das mãos de um confuso e
inseguro Soviete de Petrogrado, que voluntariamente se entregou a eles; e eles
só exerceram esse poder durante o estrito prazo em que os soviéticos os
toleraram. Mas seus governos não levaram a cabo nenhum ato importante de
revolução burguesa, sobretudo não dissolveram os estados agrários da
aristocracia, nem deram terras aos camponeses. Até mesmo como uma revolução
burguesa, a de fevereiro foi um revolução “manqueé”. Tudo isso ressalta a
prodigiosa contradição que os bolcheviques tiveram quando, em outubro,
promoveram e comandaram a dupla sublevação. A revolução burguesa por eles
dirigida criou as condições que favoreceram o desenvolvimento das formas
burguesas de propriedade. A revolução proletária que eles efetuaram visava à
abolição da propriedade. O ato principal da primeira foi a distribuição das
terras da aristocracia. Isso criou uma ampla base potencial para o
desenvolvimento de uma nova burguesia rural. Os camponeses que ficaram livres
de aluguéis e dívidas e que tinham aumentado suas posses rurais estavam
interessados num sistema social que oferecesse segurança para suas
propriedades. Isso não era uma questão somente de exploração agrícola
capitalista. A Rússia rural, como disse, Lênin, era o terreno para a
proliferação do livre capitalismo - muito dos empresários e negociantes da
Rússia industrial tinham origem camponesa; e, com o tempo e circunstâncias
favoráveis, o campesinato poderia ter criado uma classe muito mais numerosa e
moderna de empresários. O mais irônico é que em 1917 nenhum dos partidos
burgueses, e nem mesmo os moderados socialistas, ousou sancionar a revolução
agrária que se estava desenvolvendo espontaneamente, com força elementar, pois
os camponeses já estavam tomando as terras da aristocracia bem antes da
insurreição bolchevique. Aterrorizados com os perigos que ameaçavam as
propriedades nas cidades, os partidos burgueses se recusaram a solapar a
propriedade no campo. Os bolcheviques (e os Socialistas Revolucionários de
Esquerda) colocaram-se sozinhos à frente das revoltas camponesas. Eles sabiam
que sem o levantamento no campo a revolução proletária seria isolada na cidade e
derrotada. Os camponeses temerosos de uma contra revolução que trouxesse de
volta os senhores da terra, buscaram um apoio no regime bolchevique. Mas desde
o início o aspecto socialista da revolução despertou-lhes desconfianças,
temores ou hostilidades.
Na introdução de sua hoje mundialmente conhecida abordagem do episódio,
o jornalista norte-americano John Red, que fixou os flagrantes da luta em “Dez
dias que abalarem o mundo”, escreveu:
Em fins de setembro de 1917, um professor de Sociologia que percorreria
a Rússia veio visitar-me em Petrogrado. Os homens de negócios e os intelectuais
haviam lhe garantido que a Revolução começara a declinar. O professor acreditou
em tais informações e escreveu um artigo sustentando essa opinião. Entretanto,
continuou a viajar pelo País, visitando cidades industriais e pequenas aldeias
do interior. Com assombro, verificou então que a Revolução parecia entrar em
nova face de desenvolvimento. Entre os operários das fábricas e os camponeses
pobres ouvia-se freqüentes falas de “todas as terras aos camponeses” e “todas
as fábricas aos trabalhadores”. Se o professor tivesse visitado as trincheiras,
verificaria, também que os soldados só falavam em paz... O homem ficou
aturdido, mas não havia razão para tal. Ambas as observações eram corretas. Na
Rússia, as classes dominantes tornavam-se cada vez mais conservadoras, e as
massas populares, cada vez mais radicais.
Os capitalistas, os negociantes e os intelectuais achavam que a
revolução não só já fora demasiado longe, como durara excessivamente-... Era
essa também, a opinião dos socialistas moderados que dominavam então, e dos
socialistas-nacionalistas mencheviques e socialistas revolucionários, que
apoiavam o Governo Provisório de Querensqui.
Em 14 de outubro, o órgão oficial dos socialistas moderados escrevia: O
drama da revolução tem dois atos: no primeiro destrói-se o velho regime, no
segundo, cria-se o novo. O primeiro ato já durou muito tempo. Chegou o momento
de passarmos, o quanto antes, ao segundo. Convém lembrar as palavras de um
antigo revolucionário: “Amigos, precisamos terminar a revolução imediatamente.
Aqueles que a prolongam não colhem seus frutos...” Entretanto, os
trabalhadores, os soldados e os camponeses não pensavam do mesmo modo. Achavam
mesmo que o “primeiro ato” ainda não havia terminado. Na frente do combate, os
comitês do exército destituíam sem cessar os oficiais que maltratavam os seus
subordinados. Na retaguarda, os membros dos comitês agrários, eleitos pelos
camponeses, foram encarcerados porque tiveram a “audácia” de pôr em prática os
dispositivos governamentais sobre a propriedade da terra. Nas fábricas, os
operários lutavam contra as listas negras e os “lock-auts”. Mas não era tudo:
emigrados políticos que chegavam à Rússia tornavam a ser expulsos do País como
“elementos indesejáveis”. Houve mesmo casos de pessoas que voltando para a
Casa, foram presas por terem participado da Revolução de 1905. Ao crescente
descontentamento popular, os socialistas “moderados” respondiam com: “Esperemos
a Assembléia Constituinte que se reunirá em dezembro”. As massas, porém, não se
satisfaziam com essa resposta. A Assembléia Constituinte seria muito bem
recebida, sem dúvida, mas existiam certos problemas que tinham de ser
resolvidos com Assembléia Constituinte ou sem ela. Por tais questões,
levantadas na Revolução Russa - paz, terra, liberdade e controle das indústrias
pelos operários - é que haviam tombado os mártires que dormiam para sempre no
Campo de Marte. A data de convocação da Assembléia Constituinte já fora prorrogada
por duas vezes e, com toda a certeza, seria protelada até que o povo se
acalmasse e renunciasse às reivindicações revolucionárias. Enquanto isso, os
soldados começavam a resolver a questão da paz ao seu modo: pela deserção em
massa. Os camponeses incendiavam as casas dos seus senhores e dividiam as
grandes propriedades entre si. Os operários paralisavam a produção industrial
pela sabotagem e declaravam-se, freqüentemente, em greve. Está claro que, como
era de se esperar, os proprietários e a oficialidade procuravam contemporizar,
fazendo todos os esforços e usando da sua influência para impedir qualquer
concessão democrática. Marc Ferro, numa abordagem específica sobre “O Ocidente
diante da Revolução Soviética”, mostra-nos que o movimento de outubro correspondeu
a uma utopia européia comum, naquele momento, às várias nacionalidades: a da
Terra Nova, a terra paradisíaca, a nova sociedade que nasceria alhures, longe,
numa outra terra. Neste ponto, um movimento como a Revolução de Outubro
literalmente atualizava a utopia de Tomás Morus, inclusive quanto ao sonho de
escatologicamente zerar tudo o que a burguesia ocidental fizera até então,
abrindo novos caminhos. E, sem dúvida alguma, os primeiros anos da Revolução
não apenas concretizaram este sonho como abriram um aspecto novo: A União
Soviética passava a encarnar o progresso, a presença e o domínio do homem sobre
a natureza, ante às grandiosas obras e iniciativas que Lênin tinha a
estabelecer no país, inclusive compondo teoricamente os princípios da tais decisões,
a que seria a sua última obra: “Os problemas econômicos do Socialismo na União
Soviética”. O resto, nós bem conhecemos, a sua interpretação varia nos dias de
hoje, mas não é dessa interpretação alternativa que queremos nos ocupar, neste
momento; ocorre, como dissemos, que naquele episódio nasceu o resto e não há
hoje um movimento ou partido libertário que não deva, direta, ou indiretamente,
algo de sua atividade, ideologia, ideal àquele episódio.
Sinto que o PT na sua indiscutível busca de uma sociedade mais justa,
realmente administrada pelos trabalhadores, filia-se a esta vertente histórica,
motivo pelo qual, eu, na representação do PT, não poderia estar ausente deste
Plenário. É fundamental que entendamos que é uma herança concreta de todos os
acontecimentos daquele ano e o Prof. Felizardo sintetiza com extrema felicidade
em obra que dedicou ao tema.
O triunfo da revolução socialista foi a vitória das teses municipais do
marxismo e lenismo em sua aplicação prática, do movimento revolucionário russo,
culminando com a implantação da ditadura do proletariado. Assim, confirmou-se a
possibilidade de sucesso da revolução socialista em um único país capitalista,
na criação onde um Estado de novo tipo, na importância da aliança
operário-camponesa, do internacionalismo proletário e do papel histórico do
partido comunista como dirigente das massas revolucionárias; a revolução
socialista, de outra parte, substituiu as relações capitalistas, de produção,
por relações socialistas de produção; na sua significação maior reside o fato
de que a Revolução de outubro e novembro de 17, não limitou seus horizontes a
reformas econômicas, políticas ou socialistas; antes, promoveu, profundamente,
uma revolução ideológica na história da humanidade, cujas conseqüências ainda hoje
estão em cursos, enriquecidas por novas experiências dos marxistas e leninistas
de todo o mundo.
Por isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, e companheiros a comemoração
desse dia na Câmara de Vereadores é, não apenas a comemoração de uma data
festiva, é também um ato político de desmistificação e de reafirmação das
idéias socialistas, a possibilidades de uma Pátria livre, grande e soberana
conduzia por quem produz verdadeiramente as riquezas do País, seus
trabalhadores manuais ou intelectuais. É hora, nesta crise, a construção da
nossa carta magna, de reafirmarmos a crença no socialismo como um processo
político, social e econômico capaz de trazer melhores dias para a humanidade,
alcançando a paz universal, e também o poder para as classes trabalhadoras. É
dia, enfim, de reafirmarmos, com absoluta convicção, a nossa crença no
socialismo como o caminho para alcançarmos o verdadeiro progresso social. Essa
é a mensagem que queríamos trazer do nosso nome pessoal, dos nossos
companheiros do PT e muito especialmente do companheiro Raul Pont, como
Presidente do nosso Partido, neste momento, e do companheiro Clóvis Ilgenfritz,
como Secretário Geral. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A
Mesa concede a palavra ao Ver. Marcinho Medeiros. S. Ex.ª falará em nome da
Bancada do PMDB, com assento nesta Casa.
O SR. MARCINHO MEDEIROS: Sr.
Presidente, prezados amigos companheiros do PMDB e demais Vereadores com
assento nesta Casa, meus senhores simpatizantes da causa socialista, prezado
amigo Lauro Hagemann, Vereador do Partido Comunista Brasileiro, é para mim uma
grande honra e um momento de grande felicidade usar a palavra neste momento em
nome da Bancada de meu Partido para prestar um homenagem a causa do socialismo.
A chamada Grande Revolução Socialista de Outubro que aconteceu em 7 de
novembro de 1917, foi a primeira revolução socialista do mundo. Com ela
inaugurou-se uma nova época, a época da transição do capitalismo para o
socialismo. Pelo antigo calendário gregoriano, a revolução aconteceu em 25 de
outubro; após a Revolução o calendário foi modificado e hoje comemora-se a 7 de
novembro. A Revolução foi dirigida pela Partido Comunista Russo onde se
destacou como líder teórico e prático Wladimir Ilich e Ilianov Lenin. A
Revolução Russa foi a primeira a ser realizada por operários, camponeses,
soldados, marinheiros e com eles foi inaugurado, pela primeira vez no Estado de
operários e camponeses. A Revolução Socialista terminou com a propriedade
privada dos meios de produção, fábricas, latifúndios e bancos. Estes meios
passaram às mãos da coletividade. A Revolução terminou definitivamente com a
exploração do homem pelo homem.
O socialismo é o grande caminho para corrigir as injustiças sociais
criadas pelo capitalismo devido à injusta distribuição da riqueza dentro da
sociedade capitalista que acaba deserdando a maioria, principalmente aqueles
que com o seu trabalho ajudam a formar a riqueza de uma nação. O exemplo dado
pela nação Russa foi muito importante, mostrou ao mundo que é possível conviver
social, política e economicamente em uma sociedade mais justa onde o trabalho
seja o principal elemento e não o capital.
Quero, nesta ocasião, em nome da Bancada do PMDB nesta Casa, saudar o
advento desta Revolução que foi muito significativa sob o ponto de vista
histórico e que veio em função das fraquezas e injustiças estabelecidas pelas
sociedades até então conhecidas. O socialismo é uma experiência que provou, na
prática, que tem condições de se materializar. É uma idéia que deve ser buscada
por todos aqueles que sentem na carne as injustiças cometidas em sociedades em
que a riqueza passa a ser usada para beneficiar minorias, estabelecendo
privilégios que contrariam inclusive a ordem divina que é justiça, liberdade
bem-estar para todos os integrantes da grande sociedade humana.
A todos aqueles que simpatizam com causa socialista o meu pessoal abraço
de confraternização nesta data que é tão importante para a história de toda
humanidade, uma vez que a União Soviética é, hoje, o grande Estado líder do socialismo
do mundo e procura realizar e mostrar ao mundo que é possível, realmente, viver
melhor sem ter em mente somente a riqueza, mas, acima de tudo, o bem-estar de
toda a sociedade. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A
seguir, a Mesa concede a palavra à Ver.ª Gladis Mantelli, que, neste ato, por
delegação, representa a Bancada do PSB.
A SRA. GLADIS MANTELLI: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, minhas Senhoras e meus Senhores, é uma honra e um
temor, também, representar, neste ato, a Bancada do PSB.
A busca incessante de sociedade justas e equilibradas não é apenas um
direito dos povos, mas um dever para com a sua própria dignidade e um
compromisso para com as gerações futuras.
O povo Russo realizou e experimentou profundas mudanças no decorrer
desta busca, talvez como nenhum outro.
Os resultados atingidos foram tão profundos, que marcam até os dias
atuais não apenas o destino dos países socialistas, mas irradiam seus reflexos
sobre todas as nações que formam a comunidade internacional, a tal ponto de
alterarem profundamente os rumos da história universal.
A origem destas transformações deve ser remontada nas estruturas
políticas e sócio-econômicas da Rússia pré-revolucionária, caracterizada por
profundas e arraigadas estruturas agrárias, ainda com alguns traços feudais,
com capitalismo incipiente e industrialização voltada para a exportação e
dependente de financiamentos externos.
Havia uma burguesia fraca, sem expressão alguma, totalmente oprimida
pelo capital não-nacional.
Em termos políticos tínhamos em pleno século XX uma monarquia absoluta,
como revela o artigo I das leis fundamentais do Império, cujo teor é o
seguinte: “O Imperador de todas as Rússias é um monarca autocrata e limitado”.
“O próprio Deus determina que seu poder supremo seja obedecido, tanto pela
consciência, como por temor”.
As condições de trabalho eram péssimas, os salários ínfimos. Condições
dignas de habitação não faziam parte da realidade Russa. O desemprego era
constante.
O quadro de problemas e a total incompetência do czar para solucioná-los
fez com que as manifestações populares ganhassem grandes proporções, como a de
1° de maio de 1900, na cidade de Kharkov, quando uma multidão de 10.000
operários exigia uma jornada de 8 horas de trabalho e liberdade políticas.
As crises foram se tornando uma constante, até que em janeiro de 1905,
multidões desarmadas foram fuziladas nas ruas de Petrogrado (atual Leningrado).
Naquele momento, a consciência de que não adiantava mais os trabalhadores
fazerem reivindicações momentâneas, mas que era preciso alterar a estrutura, se
tornou definitiva.
Os partidos oposicionistas, que atuavam na clandestinidade, ganhavam
força no seio da sociedade.
Em março de 1917 explode a Revolução como resultado de uma série de
greves e movimentos de massa. O czarismo desmoronava.
O período seguinte, de março a novembro daquele ano caracterizou-se pela
dualidade de poderes entre o governo provisório e os sovietes.
Insatisfeitos com o governo provisório, os bolchevistas, grupo que tinha
o objetivo de destruir todas as estruturas, e construir uma nova, até então
inexistente.
Sob a bandeira “todos poderes aos sovietes” assumem o poder com a nova
origem que se resumia na frase de Trotsky. “De hoje em diante todas as terras
da Rússia tem um único dono: A união dos operários, camponeses e marinheiros”.
Este fato, ocorrido há 70 anos, mudou, como já dissemos, os rumos da
história universal, dividindo o mundo em dois grandes blocos, cada um dentro de
uma ideologia e seguindo uma postura.
O que importa é que cada povo ache soberanamente e sem influências
externas a forma de construir uma sociedade justa e equilibrada.
O que acontecia há 70 anos era o surgimento ou caminho para edificar tal
sociedade. A escolha dos caminhos, porém, é opção própria de cada nação.
O nosso compromisso é acima de tudo agirmos e jamais sermos testemunhas
passivas dos acontecimentos.
Fazer a História não é apenas assistir a sua passagem, de modo que a
justiça e igualdade, no futuro, não sejam apenas ideais a serem perseguidos,
mas uma realidade.
Só então teremos, lado a lado, nações empunhando suas bandeiras em
contínuo Estado de fraternidade.
Acreditamos que, com isso, a Revolução Socialista teve o mérito e
continua tendo, e terá, através do tempo, aquele seu cunho de mostrar ao mundo
que existem outras formas, outras possibilidades de se atingir uma justiça
social, real e efetiva.
Era o que gostaria, em nome do PSB, de dizer aos Senhores no dia de
hoje. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: A
Mesa concede a palavra ao Sr. Ver. Lauro Hagemann, autor da presente homenagem,
que falará pelo PCB e PDT.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr.
Presidente, companheiros Vereadores, companheiros do PCB, senhoras e senhores:
A Revolução Russa de 1917 mudou a face do mundo. Pela primeira vez na história
da humanidade uma classe oprimida e explorada tomou o poder e conquistou o
direito de construir uma nova sociedade. Esta data ficará marcada,
indelevelmente, em todos os tempos, como a época em que o mundo começou sua
mais marcante transformações.
Diferentemente das revoluções burguesas que, quando aconteceram, a
burguesia já detinha grande parte do poder econômico e era uma classe
exploradora - senão nem seria burguesia -, o proletariado e o campesinato
russos, unidos à intelectualidade progressista, aos artesão, soldados e
marinheiros, realizaram a tomada do poder. Assim, a classe proletária
hegemonizou o Poder do Estado e instaurou a “Ditadura do Proletariado”,
primeiro e necessário estágio da construção da sociedade de socialista, rumo ao
comunismo.
Hoje comemoramos os 70 anos deste acontecimento. E nesta ocasião, vale
lembrar que todo este processo não aconteceu apenas porque o povo russo padecia
fome, miséria e muitas privações que o levou a levantar-se contra o poder da
aristocracia e burguesia russas. É indispensável assinalar que neste processo
houve uma condução política, condução de um partido que soube galvanizar os
interesses da grande massa de trabalhadores e vanguardiar o processo de
revolução social.
A luta travada entre concepções de partido, iniciada em fins do século
passado e concluída em 1903 com a divisão entre bolcheviques e mencheviques,
foi decisiva neste processo. O partido Bolchevique, sob a direção de Lênin,
soube conduzir o processo de luta até a vitória das forças revolucionárias, em
1917.
Hoje, pela experiência histórica, sabemos que duas condições são
importantes para o processo revolucionário concluir-se em favos dos interesses
das classes exploradas e oprimidas. São as condições objetivas, isto é, a
própria existência das classes que irão dirigir o processo e sua possibilidade
de unidade para o enfrentamento com as classes dominantes. A outra, é a
condição subjetiva, ou o nível de consciência social que desperta nas massas,
nas classes oprimidas, a vontade da luta, posto que sem luta o mundo não muda.
A combinação destes dois fatores é que permite a revolução social e enseja sua
possibilidade de vitória.
Constatamos, ao longo da história humana que a luta de classes tem sido
o seu motor. Isto está no Manifesto Comunista como uma lei da História. Não
basta, entretanto, ser classe oprimida e explorada para que seja possível a
realização da revolução social.
Na sociedade escravagista, por exemplo, travava-se uma luta encarniçada
entre suas classes fundamentais: escravos e escravagistas. Os escravos, que
nada tinham de seu e viviam como bestas de carga, se revoltavam, se amotinavam,
mas eram sistematicamente derrotados pelas classes dominantes.
Registraram-se lutas importantes de escravos e camponeses no Egito,
China, Grécia e Roma. Mas, apesar de toda a indignação ou o que chamamos de
condições subjetivas, ou ainda de consciência das condições de exploração e
opressão da classe, não havia condições objetivas. Isto é, desenvolvimento de
certo nível das forças produtivas e a existência da classe efetivamente
revolucionária, que é o proletariado, cuja vanguarda é a classe operária.
E a importância da Revolução Russa não se deve exclusivamente ao fato de
ser a primeira Revolução Socialista. Mas, também, porque abriu as portas para
vários processos revolucionários que, sem a existência da URSS e da política
inerente ao socialismo, qual seja, o internacionalismo proletário, certamente
não teriam acontecido. É o caso, por exemplo, de várias revoluções na Europa
Central, onde a existência de Partidos Comunistas fortes, que combateram o
nazi-fascismo, se credenciaram junto a seus povos e assumiram o poder do
Estado. E o fizeram, apesar da presença militar próxima de forças aliadas,
anti-fascistas, mas profundamente anti-comunistas.
A Revolução Chinesa é outro exemplo candente, onde a força motriz do
processo revolucionário não foi o proletariado urbano, mas sim o campesinato. O
êxito, entretanto, deve-se ao fato da existência de uma potência socialista que
auxiliava as forças revolucionárias em suas tarefas de lutas. Como pensar num
Vietnam vitorioso frente a potência mais poderosa do mundo, sem mencionar a
existência da União Soviética e sua política de internacionalismo proletário? E
a Coréia da Norte? E Cuba? Angola? Moçambique?
Nicarágua? E tantos outros povos que se libertaram e lutam para se libertar das
amarras do capital internacional e seus agentes internos.
Temos, então, que a expressão da Revolução Russa, fato marcante na
história da humanidade, ensejou a possibilidade real de criar condições a que
outros povos, por correlação de forças, pudessem caminhar resolutamente no
sentido da revolução e da vitória do proletariado e seus aliados.
E pensar nesse País, único na Europa em que se morria de fome em 1917. E
pensar nessa sociedade de tantos problemas e tantas dificuldades. E pensar em
todo o bloqueio que sofreu por parte do imperialismo internacional, através da
política conhecida como “cordon sanitaire”, política de isolamento da nascente
república socialista do resto do mundo. E pensar que este povo faminto,
sofrido, resolveu seus problemas e, mesmo invadido por forças militares da
Alemanha, soube vencer todas as dificuldades e se constituir num marco
referencial para toda a humanidade.
Somente o socialismo seria capaz de responder a tantos e tão profundos
desafios.
A sociedade socialista começou a ser construída tão logo o Poder do
Estado passou às mãos do Partido Comunista. E, por conseqüência, da classe
operária em aliança com as demais oprimidas e exploradas.
Começou por enfrentar as dificuldades inerentes a uma sociedade em
guerra, invadida, e totalmente carente de alimentos e de condições de,
rapidamente, solucionar os graves problemas que afligiam as amplas massas.
Mas não houve vacilação. Com o Poder Político conquistado, o Partido
Comunista encaminhou, rapidamente, a socialização dos meios fundamentais de
produção e introduzia a planificação da economia nacional. Esta funcionou como
um elemento fundamental no processo de superação da anarquia produtiva inerente
ao capitalismo, e impulsionou as forças produtivas até a elevação de um patamar
mais elevado.
Mas não foi suficiente.
Foi preciso voltar, - frente a crise concreta em que se encontrava à
sociedade em construção -, às leis de mercado, ao que se denominou de NEP, ou
seja, Nova Política Econômica, a fim de garantir, pela via do incentivo
econômico, o avanço da produção e da forças produtivas. O proletariado havia
tomado o Poder, mas ainda não havia - e nem mesmo dispusera de tempo para tanto
- mudando a consciência entre todos os membros de sua classe. Foi preciso que
Lênin, com sua grande capacidade de trabalho, sua imensa dedicação ao processo
revolucionário e sua firme e inabalável condução, travasse a luta interna a fim
de superar concepções estreitas e sectárias que, se prevalecessem, certamente
iriam abortar o processo revolucionário.
E revolução não se faz somente com desejos. Se faz com força. E força
não se arregimenta com gritos, mas com argumentos sólidos que identifiquem os
interessadas amplas massas com o processo em construção da nova sociedade.
Em 1924 Lênin morreu. Mas não morreu o espírito revolucionário por ele
plantado e que germinou em todas as consciências livres do mundo. Não morreu
com ele o espírito de abnegação da causa revolucionária, tão próprio de Lênin e
de uma plêiade de bolcheviques que ensinaram às forças da revolução de todo o
mundo, os princípios fundamentais da organização partidária. Ou seja, o Partido
de Novo Tipo, sem tendências, organizando na base da teoria científica do
centralismo-democrático. E não morreu com Lênin, principalmente, seu exemplo
junto às amplas massas, que até hoje visitam seu túmulo nas muralhas do
Krêmlin. E o espírito revolucionário tendo pendurado, foi possível, com a
condução do Partido Comunista, mudar a face do país dos Sovietes.
Superada a primeira fase de dificuldades, a nova sociedade em construção
retorna ao planejamento econômico. Supera a anarquia da produção capitalista e
viabiliza um desenvolvimento harmônico das forças produtivas em consonância com
as necessidades sociais.
Com a morte de Lênin a direção do processo revolucionária é assumida por
Stálin, figura controvertida, que cometeu inúmeros equívocos na condução do
Partido, mas de inegável importância para o fortalecimento da primeira pátria
socialista. Sem algumas medidas tomadas por Stálin, como a coletivização
forçada, certamente a economia soviética não se encontraria, hoje, neste nível
de desenvolvimento industrial. Além disso, foi preciso muita força para enfrentar
a besta nazista e a tentativa de invasão, por parte de Hitler, do território
soviético.
É importante assinalar que a União Soviética perdeu 20 milhões de vidas
no combate ao nazismo. Nenhum povo foi tão hospitalizado e tão brutalmente
punido. Nenhum povo padeceu tanta agressão e conseguiu superá-la pelo seu
próprio esforço.
Somente um povo, livre das amarras do Capital, das relações de produção
e exploração que lhe são inerentes, pode vencer tal desafio. E a União
Soviética venceu.
Acabada a II Guerra Mundial, com grande parte de suas forças produtivas
destruídas e imensa parcela de sua população perdida, morta, mutilada, a União
Soviética conseguiu, ainda assim, ergue-se sozinha, sem auxílios, e
transformar-se na grande potência de hoje em dia.
Somente um povo consciente de seu destino pode fazer o que a União
Soviética fez. Somente um povo consciente que o País lhe pertence e que o
futuro é a luta do presente, consegue superar tantas e tão formidáveis
dificuldades. Somente um povo imantado pela idéia de uma sociedade justa, onde
a liberdade é real para a maioria e não apenas formal, logra alcançar, em tão
pouco tempo, um desenvolvimento tão gigantesco.
E o povo soviético conseguiu.
Superados os desafios da guerra e, posteriormente, todo o novo
isolamento da chamada “guerra fria”, a União Soviética desponta, hoje, como uma
potência que verdadeiramente se empenha na luta pela construção de um mundo
novo. E este mundo passa pela luta pela paz, condição “sine qua non” para que o
socialismo e, posteriormente, o comunismo possam vingar. A paz é uma
necessidade para a humanidade e, portanto, faz parte do plano estratégico do
socialismo.
Contrariamente, a guerra é uma necessidade para a sobrevivência do
capitalismo, posto que sem guerra a taxa do lucro cai e, caindo, compromete a
própria acumulação de capital. Assim, a luta pela paz é, ao mesmo tempo, uma
luta que pertence às consciências revolucionárias interessadas em construir um
mundo sem explorados e exploradores.
E, apesar de todas as ideologias, de todas as falsas idéias que a
burguesia, com seus poderosos meios de comunicação possam divulgar, a luta pela
paz haverá de tornar-se vitoriosa, como vitoriosa será a luta pelo socialismo.
Veja-se, por exemplo, que a União Soviética não dispõe de nenhuma força de ataque,
ou seja, de porta-aviões e força-tarefa que policiem ao mares do mundo. Seu
poderio militar, indesejado pela sociedade em construção - já que os esforços
poderiam suprir necessidades dos povos -, destinam-se à preservação do próprio
sistema e a defesa da integridade da Nação Soviética.
Mas há o internacionalismo proletário, indispensável à própria
construção da sociedade socialista. Não há como pensar em mudar o mundo para se
este mundo permanecer imutável na forma criada pelas antigas concepções de classes
dominantes.
E, hoje em dia, já não é apenas a URSS que dispõe de forças poderosas
que favorecem a luta de outros povos em prol de sua libertação.
Hoje existe Cuba e todo um bloco de países que, no contexto do
internacionalismo proletário, preservamos revoluções incipientes e ensejam a
possibilidades de concretização de processos revolucionários. Supera-se, assim,
o romantismo de revolução Espanhola, quando, homens sem preparo militar forram
combater contra forças treinadas para a luta.
Hoje há exército proletário e isto modifica, radicalmente, a correlação
de forças do mundo. O imperialismo já não pode tudo. Já tem suas forças
limitadas. Mas, embora se encontre em processo de decomposição, ainda oferece
grandes perigos à humanidade. Porém, a força do socialismo é inegável. Hoje, um
terço da humanidade está empenhado na construção da sociedade socialista, e
cerca de 42% da produção mundial é realizada pelos países do campo socialista.
O socialismo evoluiu em todos os sentidos. E segue evoluindo com a naturalidade
de uma criança que cresce. A ditadura do proletariado, marco inicial da
dominação proletária sobre as antigas classes dominantes, em face da liquidação
destas, foi superada na União Soviética.
Como já existem classes antagônicas, deixou de existir a necessidade
histórica da ditadura do proletário na URSS. Desde os fins dos anos 50 que vige
o “Estado de todo o Povo”, Estado este que representa os interesses do conjunto
da sociedade. Ainda existem classes, mas classes complementares, nenhuma antagônica.
Enquanto o capitalismo se deteriora em meio à crises constantes, o
socialismo se firma, cada vez mais, no centenário mundial. Nota-se que quando
um modo de produção avança, o outro se deteriora.
O socialismo é invencível e já conquistou o coração das massas, embora
aqui no Brasil, por força de contingências históricas próprias, este sentimento
se manifeste de forma mais lenta.
E deste destino não há como fugir.
Dia 7 de novembro a humanidade comemora, como dizemos, o ingresso numa
nova etapa histórica. Hoje, todos nós estamos de parabéns.
Viva a Liberdade!
Viva a Paz!
Viva o Socialismo!
Viva a Revolução Russa!
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A
Presidência da Casa registra correspondências enviadas pelos Srs. Deputados Nestor
Fips, Lourenço Pires e também pela diretora do Museu de Comunicação Social
Hipólito José da Costa, Teresinha Figueredo. Registramos, também, a
correspondência enviada pelo Exmo. Sr. Governador do Estado Dr. Pedro Simon,
que lamenta não poder comparecer a este ato, tendo em vista compromissos
anteriormente assumidos e na qual cumprimenta o autor da proposição, Sr. Ver. Lauro Hagemann. (Palmas.)
Na qualidade de Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre cumpre-me
encaminhar a Sessão ao seu final registrando que a Câmara de Porto Alegre abre
um espaço no sentido de que muitos daqueles que não estando presentes e para
alguns presentes possam conhecer a história da humanidade no qual este
aniversário que hoje comemora se insere de uma forma tão marcante e que muitos
de nós tivemos omitido nos nossos aprendizados escolares.
De outra forma, a Casa mostra a sua postura pluripartidária e sobretudo
democrática. Desejo, na ocasião, cumprimentar, primeiramente, as autoridades
aqui presentes e representadas o nosso agradecimento pela sua comparência. E em
segundo lugar, expressar o nosso profundo respeito por homens que são movidos
por idéias, sentimentos e, sobretudo, expressar o nosso profundo respeito e
admiração por todos aqueles que de uma forma ou de outra trazem as suas
convicções, as suas ideologias, os seus desígnios, colocando-se eles,
certamente, não em benefício pessoal, mas no cumprimento das suas idéias e dos
seus objetivos, com isto colaborando para a nossa Cidade, para o nosso Estado,
para o nosso País, e sobretudo para a humanidade como um todo.
A Câmara Municipal na sua modéstia, acolhem um ato desta grandeza, que
certamente, não cabe dentro da Câmara Municipal mas expressa o desejo nosso de
não nos mantermos alienados das realidades que ocorrem no mundo em que vivemos
e, sobretudo, no mundo que desejamos, cada um de nós, que seja construído.
Por tudo isto, acredito que todos nós não só registramos um fato, mas os
senhores oradores mostraram a grandeza e a importância da data que ora
comemoramos.
Nada mais havendo a tratar, estão encerrados os trabalhos.
(Levanta-se
a Sessão às 18h23min.)
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